XADREZ MEMÓRIA

Xadrez de memórias, histórias e (es)tórias, de canteiro, de sussurro, de muito poucos...

11/04/17

LUIÍS OCHÔA 2






Já passaram dois anos do seu falecimento. No artigo que lhe dediquei lamentava não existir nenhuma foto decente do  Ochôa  como jogador de xadrez. Coloquei a minha partida da 4ª sessão do Campeonato Nacional Absoluto de 1978, jogado em S. João da Madeira, onde era visível a diferença de força xadrezista entre um primeira categoria e alguém que era um bocadinho mais do que isso, e nem preciso de identificar quem é quem, porque o resultado diz tudo.  Depois…depois, os amigos do costume, aqueles raros que se vão interessando senão pela História do xadrez Português, muito mais pelas memórias afetivas que sobrevivam a qualquer tabuleiro e peças de xadrez. O Cordovil, claro, envia-me a última partida jogada pela Ochôa e que a custo e com dedicatória conseguiu do mesmo, jogada  em simultânea com o Spassky no IV Festival Xadrez de Lisboa no dia 20 de novembro de 1999. Empate por proposta de Spassky, que  de cordial ou combinado teve nada, pois foi partida dura e bem jogada, mostrando o ditado “ quem sabe nunca esquece” aplicado ao Luís Ochôa.





Depois, uma emoção fortíssima quando o meu amigo, e outro apaixonado do xadrez, me resolve presentear por mail com uma foto inacreditável que nem sabia que existia. Exatamente o Ochoa na partida comigo desse Nacional de 1978. Esconder para quê? Uma lágrima rebelde quis sair e eu deixei quando no ecrã do computador me aparece o Ochôa pouco preocupado com a posição que já sentia muito vantajosa e parecia entretido com algo que não descortino ( talvez preparar um cigarro?) e eu, sempre com aquele ar “ciganão” morenaço de farta bigodeira , concentrado ou ensismemado na “pinga” que ia levar com a posição quase desesperada das Negras. Como éramos novos! Como eu amava ainda o Xadrez competitivo, como ainda tinha ilusões de não ser tão “piço”, tão nabo na modalidade, como nos anos oitenta me apercebi. Como acalentava a paixão por um xadrez que ainda não suspeitava que ia morrendo aos poucos, para qual Fénix, renascer noutro, que sendo o mesmo, não era aquele.

Porquê só agora isto no Xadrez Memória ? E Porque isto no Xadrez Memória? Que têm V. Excª, dos poucos que aqui vêm clicar com gosto, dos outros poucos que nem com gosto vêm, só enfado, que não existe aqui variantes, nem árvores de análises, nem Komodo, nem Fritz, nem “ChessBasesantacasadamesiricórdia” nem nada, digo, que têm com as minhas memórias, emoções, se muitos nem sabem quem foi o Ochôa, ou se sabem, querem lá saber?! 

Pois…mas eu quero. Finalmente uma foto do Ochôa como deve ser como xadrezista na Web! Não sei se é muito ou pouco. É. Um passado, um colega de modalidade, um forte jogador, uma boa pessoa que conheci ( e hoje não é fácil encontrar pessoas boas!), um fractal da História do Xadrez Português. Que seja. Para memória presente e futura.
Como sempre, do lado bom do coração onde guardo os afetos, um agradecimento ao Mestre Cordovil e ao Fernando Pinho.

Ah! Já agora nesse artigo referi-me ao Marino Ferreira!Agora que partiu, para quando alguém que o conheceu,  que saiba escrever e goste da memória afetiva, consiga dedicar uns minutos a contar o quanto o xadrez egitanense e português lhe deve?


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